quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mentirosa

...E neste caos, neste abandono,
neste passante turbilhão de pó,
o teu sorriso é quase um trono
para a minha alma de só!...

Muito esperei. Já estou cansado...
Tudo é deserto para mim.
Mas, antes nunca te tivesse olhado
                                                       do que ficar sofrendo assim.

Já que me deste esta africana
gleba distante por consolação
eu t'agradeço - que ela é mais humana
e sincera que teu coração!

Aqui neste areal tranquilo e mudo,
por companheira da solidão,
posso dizer-te, mentirosa, tudo
o que calei por pena e compaixão.

Realengo, Rio de Janeiro, RJ, 1928.

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