Em pleno carnaval,
Numa alegria rubra, doida, sem igual,
A humanidade ri...
Delira, canta desvairadamente,
Enquanto eu tão somente
Sozinho penso em ti!
Altissonante, a carne moça canta,
Pela enormíssima garganta
da multidão!
E ao longe, os guizos de ouro gargalhando
Parece que vão zombando
Da minha solidão!
No rebrilhar das fantasias
Que enfeitam as ruas nos Três Dias
Há luxo e esplendor!
Somente no meu quarto pobrezinho,
Falta a seda sutil do teu carinho
E falta o teu calor!
Folia de pobres, carnaval penoso,
Só no teu riso que aparenta gozo
Carnaval de desventura,
Acho consolo para as cruas dores
Que vem dos seus olhos sonhadores
Para os meus olhos de tristura!...
Realengo, RJ, 1929
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