sexta-feira, 20 de maio de 2011

A uma pedra

No teu sonhar eterno e indiferente
Nessa atitude imensa de rochedo,
Quem poderá, ó pedra, ter na mente,
O inatingível grau do teu segredo?!

Quando passa por ti o homem, nem sente
A mais atomica sensação de medo,
não sabe que tens alma como a gente, e,
muda, arrostas um destino trêdo.

Não sabe que sofreste no passado
E agora tens um coração gelado
Onde nem mesmo o desconsolo medra!

Mas eu que sei sentir a solidão
Conheço o teu calado coração,
E todo o anseio que tens n'alma, ó pedra!

Fortaleza, 1926

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