Farol de Mucuripe encantador,
Tristíssimo farol,
Distante do meu amor,
Sou como tu se faz sol
No teu eterno piscar d’olhos,
Neste incessante piscar,
Vais apontando os escolhos
Aos que navegam no mar...
Quantas vezes te olhei quando criança
E que saudades agora!
Tu és um emblema de esperança
Para os olhos que andam fora!
...E as tuas dunas alvadias,
E os teus verdes coqueirais
Lembram ingênuas poesias gravadas nos areais!...
Quando te vejo do oceano,
Sozinho, na escuridão,
Sinto, farol, que és humano,
Que também tens coração!
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
Farol tristonho que deixei piscando
Num piscar d’olhos compassado e infinito,
- ouve estes versos que escrevi chorando,
- ouve estes versos que escrevi partindo!
À bordo do “Almirante Jaceguay”, 1928
NOTA: O autor, meu pai, escreveu este poema, partindo do Ceará, sozinho, solteiro, no Navio “Almirante Jaceguay”, em 1928, com destino ao Rio de Janeiro, onde cursaria a Academia Militar de Realengo da qual sairia Aspirante a Oficial de Infantaria, na turma de 1931.
A foto que encontrei para ilustrar o poema, é de uma viagem que ele realizou no mesmo navio, em 1939, já casado com minha mãe, levando-a à bordo com um filho do casamento anterior dele, e uma filha do então casamento atual. Viajavam retornando ao Ceará, procedentes de Blumenau.
Presumo, por análises diversas que a última estrofe foi acrescentada por ele, separada das demais por uma linha pontilhada, nesta viagem de retorno.
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